Tendo como preocupação o modo como se aprende arte
(relação entre o fazer artístico, a leitura deste fazer e sua inserção no
tempo), a partir de 1982 foi sistematizada uma proposta inglesa e
norte-americana (concebida na década de 60), posteriormente vinculada ao Getty
Center for Education in the Arts.
Até então a arte-educação valorizava quase
exclusivamente o desenvolvimento da auto-expressão, da criatividade e da
autodescoberta. A criação e a imaginação estão presentes em todas as áreas do
conhecimento, não sendo, assim, um objetivo exclusivo de Artes.
A arte necessita ser considerada um corpo
organizado de conhecimentos que exige o mesmo tipo de substância e de rigor
intelectual esperados das ciências exatas e humanísticas.
Para passar a ocupar um lugar mais central num
currículo escolar equilibrado, a disciplina Artes necessita de conteúdo próprio
e substancial. Com a finalidade de elevar o seu nível de ensino, elaborou-se
uma proposta denominada Discipline-Based Art
Education (DBAE).
Na construção de conhecimentos em arte, o DBAE
valoriza não só a produção artística, mas também as informações culturais e
históricas, bem como a análise das obras. Esse modo de ensinar arte baseia-se
em senti-la, compreendê-la na sua dimensão histórica, apreciá-la esteticamente,
analisá-la e refletir sobre ela com espírito crítico, o que requer as quatro
instâncias do conhecimento: a produção, a crítica, a estética e a história da
arte.
Aqui no Brasil, a professora Ana Mae Barbosa
adaptou a teoria DBAE ao nosso contexto, denominando-a Proposta Triangular por
envolver três vertentes: o fazer artístico, a leitura da imagem (obra de arte)
e a história da arte. Diz Ana Mae (1991, p. 10): "O que a arte na escola
principalmente pretende é formar o conhecedor, fruidor e decodificador da obra
de arte (...). A escola seria a instituição pública que pode tornar o acesso à
arte possível para a vasta maioria dos estudantes em nossa nação (...)".
No Brasil, nosso maior problema é a alfabetização,
isto é, há a necessidade urgente de se enfatizar a leitura de palavras, gestos,
ações, imagens, prioridades, desejos, expectativas. Como explicita ainda Ana
Mae (1995, p. 63, grifos nossos): "Num país onde os políticos ganham
eleições através da televisão, a alfabetização pela leitura da imagem é
fundamental, e a leitura da imagem artística, humanizadora".
A Proposta Triangular, no Brasil, teve como marco
central de seu desenvolvimento o MAC -
Museu de Arte Contemporânea, da USP -, em 1987. Em 1989, recebeu
apoio fundamental da Secretaria da Educação do Município de São Paulo, da
Fundação Iochpe (RS), da Fundação Roberto Marinho,
do Itaú Cultural e
outros. Assim, essa proposta pode ser expandida e contribuir para o
desenvolvimento de outros projetos educacionais no processo de
ensino-aprendizagem de Artes.